Através dos tempos diversas formas de
mídias foram se desenvolvendo. Nos tempos antigos, por exemplo, quem dominava o
poder da fala (retórica) tinha mais chances de obter seus objetivos políticos
ou financeiros através da manipulação e influência sobre as pessoas.
Como o tempo, novas formas de mídia
foram sendo desenvolvidas (jornais, rádios, TV, internet), estes meios de
comunicação passaram a atingir cada vez mais pessoas e áreas cada vez maiores
do globo.
A população de modo geral acaba tendo
cada vez menos tempo para si mesmo, com a rotina cada vez mais “apertada”,
muitos possuem pouco tempo para poderem descansar. Ao chegar a casa, a primeira
atitude é ligar a TV, logo o diálogo com a família passa a ficar comprometido,
e não só este dialogo, como também a construção da própria opinião, da própria
crítica aos fatos que ocorrem a sua volta.
A grande mídia, desta forma, passa a
dar a crítica pronta aos seus telespectadores, da maneira que desejam os donos
destes meios de comunicação. Mas não apenas seus telespectadores são
influenciados pela mídia. Os poderes Legislativo, Executivo e o Judiciário
também são pressionados por ela. Isto se dá de diversas maneiras: Por denúncias (como
a de corrupção, de condições precárias em escolas ou hospitais, entre outros),
quando dá foco a determinados acontecimentos como crimes bárbaros e
passa a exigir da justiça a condenação dos responsáveis, ou alertas
autoridades para perigos que a população vem a passar (aumento do consumo de
drogas, perigos como deslizamentos, entre outros). Ela, portanto, passa a
influenciar nas decisões e rotina dos três poderes.
Evolução da mídia (Fora de ordem
cronológica):
-Fala
-Escrita (Símbolos/ depois o
alfabeto)
-Impressão Manual
-Impressão Mecânica
-Teatro
-Panfletos/ Folhetos
-Telegrafo
-Jornais
-Rádio
-Tv
-Internet
A
Internet foi desenvolvida pela empresa ARPA (Advanced Research and Projects
Agency) em 1969, com o objetivo de conectar os departamentos militares e de
pesquisas, esta rede foi batizada com o nome de ARPANET.
Primeiramente utilizada por
militares, posteriormente por cientistas, conectando universidade, e na década
de 90 a sociedade passa a se beneficiar com a internet.
1990 – 80 países conectados.
O que diferencia a internet dos
outros meios de comunicação, principalmente a TV é o fato do telespectador não
só receber as informações, mas poder respondê-las através de vídeos como no
youtube, emails, blog, páginas privadas, entre outros.
Para Arendt, o
terror dos regimes totalitários foi (e é) responsável por aniquilar a
individualidade humana, a espontaneidade dos sujeitos individuais e dos grupos,
enfim, a criativa ação humana, justamente por apostar no Grande Homem, numa
espécie de coletivo que acaba por cingir a pluralidade, dissolvendo-a numa
imensa massa informe, característica também desta sociedade, batizada de
sociedade da informação ou sociedade do conhecimento – que Bauman (2001) chama
de sociedade individualizada. Libertos dos obstáculos físicos, em virtude das
novas tecnologias de informação e comunicação, muitos de nós – mas não todos
nós – podemos nos apropriar de um mundo fantástico de imagens, dados, sons;
temos um poder que não é deste mundo, como escreve Bauman, um poder
desencarnado, que nos confere uma capacidade imensa de nos movermos e de
atuarmos a distância. Ao mesmo tempo, muitos outros – e são seguramente muitos,
quantitativamente, num país como o Brasil – acompanham literalmente a distância
essa mesma possibilidade de liberdade de movimentos no reino do virtual, com
uma perda que não podemos desconsiderar: as localidades às quais essa grande
maioria se vê confinada, justamente pela força da outra realidade maior, do
mundo on-line, são realidades que gradativamente perdem força e
vitalidade, passam a carecer de importância.
Tudo indica que a
TV aberta continua a ser, ainda hoje, a grande fonte de lazer e informação para
a maioria da população. Ela certamente oferece uma janela para o mundo, uma
possibilidade de acesso a informações imediatas sobre acontecimentos de
diferentes pontos do planeta. Ao mesmo tempo, porém, esse meio de comunicação
ensina algo que muitos depoimentos dos grupos de jovens confirmaram: vidas
privadas e intimidades invadem o cenário público da mídia não exatamente para
que haja uma interação com os espectadores, para introduzir uma nova discussão
com relação aos modos de existência do público e do privado em nossa sociedade.
Como assinala Bauman, no máximo o que se faz é fortalecer o privado em sua
privacidade (ibid., p. 231). Programas televisivos sobre a intimidade das
pessoas, sejam elas célebres ou não, (...) são lições públicas sobre a
vacuidade da vida pública e sobre o vazio das esperanças postas em tudo o que
seja menos privado que os problemas e as soluções particulares. Os solitários
indivíduos entram hoje numa ágora e não se encontram a não ser com outros que
estão tão sós como eles mesmos. Voltam para casa tranqüilizados com sua solidão
reforçada. (Bauman, 2001, p. 231; tradução minha e grifo do autor)
Aprendemos a falar
das instituições públicas como cada vez mais impotentes: diminui
significativamente o atrativo por temas que sejam de interesse comum; parece
que reduzimos em nós a capacidade e a própria vontade de trazer os sofrimentos
privados para o lugar da discussão de questões públicas: vamos internalizando
um modo peculiar de olhar e tratar "a dor dos outros", como refere a
pensadora Susan Sontag em recente livro (2003).
Para a TV
brasileira, seja em suas peças sensacionalistas como Programa do
Ratinho, Domingo Legal, Linha Direta, entre tantos outros, seja em suas
telenovelas ou minisséries, seja ainda em seus materiais jornalísticos, como
tão bem sintetiza a estudiosa Ivana Bentes:
(...) o que parece estar em questão é
o imediatismo do espetáculo e no máximo a satisfação individual, mais que uma
política do comum, ampla, constituinte e democratizante. A idéia de uma
cidadania pela mídia – com prestação de serviços, informações de interesse
coletivo, formação de "redes" de auxílio material, psicológico,
emocional etc. – por enquanto é a face de um incipiente populismo de mercado,
mas que guarda uma potência de transformação. (Bentes, 2003, p. 5)
É possível também
observar, nos debates com jovens espectadores do programa Malhação,
o quanto se cria um conjunto de estratégias de acolhimento desse público,
formas de identificação, mesmo quando se trata de espectadores cujo perfil, a
priori, não se enquadraria nos tipos humanos ali narrados. Meninas e
meninos de classes populares afirmam identificar-se com os personagens de Malhação porque,
como diz uma aluna, "eles também passam por dificuldades, que a maioria
dos adultos acha que é besteira, mas que a gente passa também"; outra
complementa, agora se referindo à novela Mulheres apaixonadas: a TV fala de drogas, fala de
"duas pessoas que gostam do mesmo sexo".
Meninas e meninos
de classes populares afirmam identificar-se com os personagens de Malhação porque,
como diz uma aluna, "eles também passam por dificuldades, que a maioria
dos adultos acha que é besteira, mas que a gente passa também"; outra
complementa, agora se referindo à novela Mulheres apaixonadas: a TV fala de drogas, fala de
"duas pessoas que gostam do mesmo sexo".
Ou seja, a TV
mistura uma boa dose de não-verossimilhança (em Malhação,
um dos episódios mostrou um personagem pedindo licença ao pai para ter sua
primeira relação sexual) a aspectos amplamente passíveis de identificação, como
os que se referem ao desejo de amar e ser amado, ao medo da traição, aos
conflitos de gerações, ao grande segredo do sexo, entre outros. Ora, são esses
elementos os que contam na elaboração das tramas novelescas, entrelaçados a
valores, prescrições, opiniões, que certamente carregam a marca de opções
políticas, ideológicas, econômicas, assumidas pelo roteirista, pelo diretor,
pela emissora, numa certa época. Importa é que esses produtos tematizam de
alguma forma a juventude brasileira, falam com ela, dirigem-se a ela, buscam-na
avidamente na condição de público consumidor e posicionam-se como lugar de educação
e formação das gerações mais novas.
Conscientemente
ou não, teremos na TV, nas revistas de ampla divulgação, nos programas de
rádio, um lugar de aprendizado a respeito de nós mesmos, da vida que levamos,
um aprendizado de como vamos receber e ler, pessoas classificadas para nós como
heróis ou vilões, cidadãos corretos ou como transgressores da ordem. Isso
também ocorre com os personagens narrados no cinema, nos romances, nos livros
de auto-ajuda, nos próprios materiais didáticos escolares. Interessa-nos
indagar: como estamos aprendendo o sentido da vida pública em nossos tempos,
por intermédio da mídia que consumimos? Bauman responde: estamos aprendendo que
esta é, sobretudo, uma "sociedade dos indivíduos". Numa sociedade
assim, o bem ou o mal que produzimos ou que sofremos parece que se deve
exclusivamente a nós, a cada um de nós. É esse axioma que conduz as narrativas
das vidas na TV.
Mas
eles acabaram por confirmar a lógica maior: naquele ambiente de classe média,
não usar um tênis de marca é na certa uma porta aberta para a exclusão, no
mínimo para a crítica e o olhar diminuidor do outro. Um dos adolescentes
brincou com a própria convicção de que, não atendendo às regras de consumo e de
imagem, certamente se arriscaria a ouvir uma frase como esta: "Cara, esse
teu tênis é de camelô...". Essa mesma turma de alunos viu-se cair seguidas
vezes em contradições quanto a uma suposta abertura com relação ao outro que é
diferente da norma, ou às próprias certezas sobre respeito às opções sexuais de
quem quer que seja. No debate, listaram – em meio a risadas e ao apoio geral da
turma quanto à "necessidade" de marcar esse diferente – vários
colegas da escola, literalmente massacrados por seu modo "estranho"
de vestir, de cortar ou pintar o cabelo, de caminhar etc. Incitados a falar
sobre esses temas, a partir da exibição dos vídeos, meninos e meninas de 15 e
16 anos acabaram por manifestar-se parcialmente de acordo com a atitude da mãe
de uma das personagens de Mulheres apaixonadas, que discriminava a
relação homossexual da filha com a colega: "Bah, cara, já pensou? Meu
filho chegar em casa e dizer pra mim que tá apaixonado por um cara? Não
dá!".
Há
que se distinguir as ações e os discursos que são mera conversa, simples meios
para alcançar um fim, palavras e gestos mecânicos, previsíveis, daqueles atos e
falas que se caracterizam propriamente como acontecimento, como matéria
inesperada, sem resultados mensuráveis nem imediatos (Arendt, 2000, p. 197 e
ss.).
Porém, essa mesma energia pode ser
canalizada adequadamente, pode produzir obras maravilhosas, como alguns
programas de TV que descobrimos em nossas buscas, filmes, obras de arte,
poemas, como os próprios encontros que fazemos para estudar essa mesma
produção; tal energia pode tornar-se a matéria a partir da qual criaremos modos
e formas de vida dignas, diferentes possibilidades de ampliar e diversificar o
capital cultural de crianças, adolescentes e jovens neste país.
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