domingo, 17 de novembro de 2013
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
3º Filo: Silogismo
O silogismo para Aristóteles deve ser mediado, dedutivo e necessário
Inferir significa extrair uma proposição como conclusão de outras. O silogismo é o argumento que, segundo Aristóteles, possui três características: é mediado, dedutivo e necessário.
O silogismo é mediado, pois não é apreendido imediatamente da percepção, mas deve usar o raciocínio para compreender o real. É dedutivo porque parte da verdade de premissas universais para se chegar a outras premissas. E é necessário, porque estabelece uma cadeia causal entre as premissas.
As premissas, para formar um silogismo, devem ser assim distribuídas:
- A primeira premissa, chamada de premissa maior, deve conter o termo maior e o termo médio;
- A segunda premissa, chamada de premissa menor, deve conter o termo médio e o termo menor;
- A conclusão deve conter os termos maior e menor.
Abaixo, seguem algumas regras para um melhor entendimento da forma do silogismo:
1. O silogismo deve sempre conter três termos: o maior, o menor e o médio;
2. O termo médio deve fazer parte das premissas e nunca da conclusão e deve ser tomado ao menos uma vez em toda a sua extensão;
3. Nenhum termo pode ser mais extenso na conclusão do que nas premissas, porque assim, concluir-se-á mais que o permitido, ou seja, uma das premissas deverá ser sempre universal e necessária, positiva ou negativa.
4. A conclusão não pode conter o termo médio (vide item 2);
5. De duas premissas negativas, nada poderá ser concluído. O termo médio não terá ligado os extremos;
6. De duas premissas afirmativas, a conclusão deve ser afirmativa, evidentemente;
7. De duas proposições particulares, nada poderá ser concluído (vide item 2);
8. A conclusão sempre acompanha a parte “fraca”, isto é, se houver uma premissa negativa, a conclusão será negativa. Se houver uma premissa particular, a conclusão será particular. Se houver ambas, a conclusão deverá ser negativa e particular.
Dessa forma, pode-se configurar alguns modos de silogismo em Aristóteles:
A. Todas as proposições são universais afirmativas.
Ex.:
Todos os homens são mortais.
Todos os brasileiros são homens.
Logo, todos os brasileiros são mortais.
Este é o famoso silogismo perfeito, porque demonstra a ligação necessária entre indivíduo, espécie e gênero. É o que visa à ciência.
B. A premissa maior é universal negativa, a premissa menor é universal afirmativa e a conclusão é universal negativa.
Ex.:
Nenhum astro é perecível.
Todas as estrelas são astros.
Logo, nenhuma estrela é perecível.
C. A premissa maior é universal afirmativa, a premissa menor é particular afirmativa e a conclusão é particular afirmativa.
Ex.:
Todos os homens são mortais.
João é homem.
Logo, João é mortal.
D. A premissa maior é universal negativa, a premissa menor é particular afirmativa e a conclusão é particular negativa.
Ex.:
Nenhum rei é amado.
Henrique VII é um rei.
Logo, Henrique VII não é amado.
É claro que pelas possibilidades, existem até 64 modos de se produzir um argumento ou silogismo, mas na prática, essas são as suas formas mais utilizadas. Lembrando que essas regras são utilizadas para fazer o famoso cálculo de predicados naquilo que chamamos de lógica formal aristotélica.
3º Filo: ARGUMENTOS E FALÁCIAS
ARGUMENTOS E FALÁCIAS
Uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, inválido, ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso. Reconhecer as falácias é por vezes difícil. Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica ou emotiva, mas não validade lógica.
É importante conhecer os tipos de falácia para evitar armadilhas lógicas na própria argumentação e para analisar a argumentação alheia.
TIPOS DE FALÁCIAS (alguns dos nomes usados estão em latim- tradução ao lado.)
Argumentum ad antiquitatem (Argumento de antiguidade ou tradição): Afirmar que algo é verdadeiro ou bom porque é antigo ou "sempre foi assim".
Ex: "Se o meu avô diz que Garrincha foi melhor que Pelé, deve ser verdade."
Argumentum ad hominem (Ataque ao argumentador): Em vez de o argumentador provar a falsidade do enunciado, ele ataca a pessoa que fez o enunciado.
Ex: "Se foi um burguês quem disse isso, certamente é engodo".
Argumentum ad ignorantiam (Argumento da Ignorância): Ocorre quando algo é considerado verdadeiro simplesmente porque não foi provado que é falso (ou provar que algo é falso por não haver provas de que seja verdade). Note que é diferente do princípio científico de se considerar falso até que seja provado que é verdadeiro.
Ex: "Existe vida em outro planeta, pois nunca provaram o contrário"
Argumentum ad Baculum (Apelo à Força): Utilização de algum tipo de privilégio, força, poder ou ameaça para impor a conclusão.
Ex: "Acredite em Deus, senão queimará eternamente no Inferno."
"Acredite no que eu digo; não se esqueça de quem é que paga o seu salário"
Argumentum ad populum (Apelo ao Povo): É a tentativa de ganhar a causa por apelar a uma grande quantidade de pessoas.
Ex: "A maioria das pessoas acredita em alienígenas, portanto eles existem."
"Inúmeras pessoas usam essa marca de roupa; portanto, ela possui um tecido de melhor qualidade."
Argumentum ad Verecundiam (Apelo à autoridade): Argumentação baseada no apelo a alguma autoridade reconhecida para comprovar a premissa.
Ex: "Se Aristóteles disse isto, então é verdade."
Dicto Simpliciter' (Regra geral): Ocorre quando uma regra geral é aplicada a um caso particular onde a regra não deveria ser aplicada.
Ex: "Se você matou alguém, deve ir para a cadeia." (não se aplica a certos casos de profissionais de segurança)
Generalização Apressada (Falsa indução): Ocorre quando uma regra específica é atribuída ao caso genérico.
Ex: "Minha namorada me traiu. Logo, as mulheres tendem à traição."
Falácia de Composição (Tomar o todo pela parte): É o fato de concluir que uma propriedade das partes deve ser aplicada ao todo.
Ex: "Todas as peças deste caminhão são leves; logo, o caminhão é leve."
Falácia da Divisão (Tomar a parte pelo todo): Oposto da falácia de composição. Assume que uma propriedade do todo é aplicada a cada parte.
Ex: 1) "Você deve ser rico, pois estuda em um colégio de ricos."
2) "A ONU afirmou que o Brasil é um país com muita violência e injustiça; logo, a ONU chamou-nos a todos nós brasileiros de violentos e injustos".
Ignoratio Elenchi (Conclusão sofismática):
Ou "Falácia da Conclusão Irrelevante". Consiste em utilizar argumentos válidos para chegar a uma conclusão que não tem relação alguma com os argumentos utilizados.
Ex: "Os astronautas do Projeto Apollo eram bem preparados, todos eram excelentes aviadores e tinham boa formação acadêmica e intelectual, além de apresentar boas condições físicas. Logo, foi um processo natural os EUA ganharem a corrida espacial contra a União Soviética pois o povo americano é superior ao povo russo."
Anfibologia ou Ambigüidade:
Ocorre quando as premissas usadas no argumento são ambíguas devido à má elaboração sintática.
Ex: "Venceu o Brasil a Argentina."
"Ele levou o pai ao médico em seu carro."
Acidente:
Quando considera-se essencial o que é apenas acidental.
Ex: "A maior parte dos políticos são corruptos. Então a política é corrupta."
Argumentum ad Crumenam :
Esta falácia é a de acreditar que dinheiro é fator de estar correto. Aqueles mais ricos são os que provavelmente estão certos.
Ex: "O Barão é um homem vivido e conhece como as coisas funcionam. Se ele diz que é bom, há de ser."
Uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, inválido, ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso. Reconhecer as falácias é por vezes difícil. Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica ou emotiva, mas não validade lógica.
É importante conhecer os tipos de falácia para evitar armadilhas lógicas na própria argumentação e para analisar a argumentação alheia.
TIPOS DE FALÁCIAS (alguns dos nomes usados estão em latim- tradução ao lado.)
Argumentum ad antiquitatem (Argumento de antiguidade ou tradição): Afirmar que algo é verdadeiro ou bom porque é antigo ou "sempre foi assim".
Ex: "Se o meu avô diz que Garrincha foi melhor que Pelé, deve ser verdade."
Argumentum ad hominem (Ataque ao argumentador): Em vez de o argumentador provar a falsidade do enunciado, ele ataca a pessoa que fez o enunciado.
Ex: "Se foi um burguês quem disse isso, certamente é engodo".
Argumentum ad ignorantiam (Argumento da Ignorância): Ocorre quando algo é considerado verdadeiro simplesmente porque não foi provado que é falso (ou provar que algo é falso por não haver provas de que seja verdade). Note que é diferente do princípio científico de se considerar falso até que seja provado que é verdadeiro.
Ex: "Existe vida em outro planeta, pois nunca provaram o contrário"
Argumentum ad Baculum (Apelo à Força): Utilização de algum tipo de privilégio, força, poder ou ameaça para impor a conclusão.
Ex: "Acredite em Deus, senão queimará eternamente no Inferno."
"Acredite no que eu digo; não se esqueça de quem é que paga o seu salário"
Argumentum ad populum (Apelo ao Povo): É a tentativa de ganhar a causa por apelar a uma grande quantidade de pessoas.
Ex: "A maioria das pessoas acredita em alienígenas, portanto eles existem."
"Inúmeras pessoas usam essa marca de roupa; portanto, ela possui um tecido de melhor qualidade."
Argumentum ad Verecundiam (Apelo à autoridade): Argumentação baseada no apelo a alguma autoridade reconhecida para comprovar a premissa.
Ex: "Se Aristóteles disse isto, então é verdade."
Dicto Simpliciter' (Regra geral): Ocorre quando uma regra geral é aplicada a um caso particular onde a regra não deveria ser aplicada.
Ex: "Se você matou alguém, deve ir para a cadeia." (não se aplica a certos casos de profissionais de segurança)
Generalização Apressada (Falsa indução): Ocorre quando uma regra específica é atribuída ao caso genérico.
Ex: "Minha namorada me traiu. Logo, as mulheres tendem à traição."
Falácia de Composição (Tomar o todo pela parte): É o fato de concluir que uma propriedade das partes deve ser aplicada ao todo.
Ex: "Todas as peças deste caminhão são leves; logo, o caminhão é leve."
Falácia da Divisão (Tomar a parte pelo todo): Oposto da falácia de composição. Assume que uma propriedade do todo é aplicada a cada parte.
Ex: 1) "Você deve ser rico, pois estuda em um colégio de ricos."
2) "A ONU afirmou que o Brasil é um país com muita violência e injustiça; logo, a ONU chamou-nos a todos nós brasileiros de violentos e injustos".
Ignoratio Elenchi (Conclusão sofismática):
Ou "Falácia da Conclusão Irrelevante". Consiste em utilizar argumentos válidos para chegar a uma conclusão que não tem relação alguma com os argumentos utilizados.
Ex: "Os astronautas do Projeto Apollo eram bem preparados, todos eram excelentes aviadores e tinham boa formação acadêmica e intelectual, além de apresentar boas condições físicas. Logo, foi um processo natural os EUA ganharem a corrida espacial contra a União Soviética pois o povo americano é superior ao povo russo."
Anfibologia ou Ambigüidade:
Ocorre quando as premissas usadas no argumento são ambíguas devido à má elaboração sintática.
Ex: "Venceu o Brasil a Argentina."
"Ele levou o pai ao médico em seu carro."
Acidente:
Quando considera-se essencial o que é apenas acidental.
Ex: "A maior parte dos políticos são corruptos. Então a política é corrupta."
Argumentum ad Crumenam :
Esta falácia é a de acreditar que dinheiro é fator de estar correto. Aqueles mais ricos são os que provavelmente estão certos.
Ex: "O Barão é um homem vivido e conhece como as coisas funcionam. Se ele diz que é bom, há de ser."
Aula Foucault (foto)
Aula sobre Michel Foucault ; Panópticos invisíveis, poder e adestramento social. Obrigada pela foto Jheniffer Lais!
terça-feira, 5 de novembro de 2013
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
2º MA: O contexto do filme Ilha das Flores
Curta-metragem, Documentário, Brasil, 1989, 13min.; colorido.
Elenco: Ciça Reckziegel, Gozei Kitajima, Takehijo Suzuki.
Narração Paulo José.
Direção: Jorge Furtado.
“O que coloca o ser humano da Ilha das Flores, depois dos porcos, na questão da escolha de alimentos, é o fato de não terem dinheiro, nem dono”.
A frase acima se refere a um lugar denominado Ilha das Flores que é, ironicamente, um lixão da região de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Nesse espaço, o lixo é separado e, o que não serve de alimento para os porcos que habitam o lugar, vai ser a comida de seres humanos que, apesar de serem dotados de tele-encéfalo superior e possuir polegar opositor (características que destacam o ser humano de outros animais), precisam fazer fila, em grupos 10 em 10, para serem autorizados a entrarem no lixão e, em 5 minutos, escolher o que irão comer, em meio a restos dos porcos.
Filme de extrema importância para o professor que pretende trabalhar, em sala de aula, temas como as desigualdades sociais da atualidade, a falta de humanidade a que são submetidos muitos seres humanos e a corrida atrás do lucro.
Sugestões temáticas
Desigualdades sociais
Miséria
Fome
Escambo
Lucro
Propriedade privada
Ser humano x animal
Lixão: alimentação alternativa
Fonte: http://filmes.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=587
Ilha das Flores
Encontro marcado com a miséria
A miséria é o tópico central do premiadíssimo trabalho do diretor Jorge Furtado. A utilização de um título que contradiz a trama desenvolvida ao longo dos 13 minutos de duração do curta-metragem foi uma das ótimas idéias apresentadas nesse trabalho. Mas não é a única.
A exposição didática das idéias, de forma encadeada, amarrada as informações, na medida em que elas aparecem na narração sólida e segura do ator Paulo José, constituem o eixo em torno do qual acabam gravitando os espectadores.
O ritmo alucinado utilizado para que fiquemos sabendo sobre os tomates do Sr. Suzuki, o perfume de dona Anete, o surgimento do dinheiro e as peculiaridades dos seres humanos (o polegar opositor e o tele-encéfalo altamente desenvolvido), nos dá pouco tempo para refletir sobre toda a informação e exige que acabemos assistindo ao vídeo duas ou até mesmo, três vezes.
Outra característica marcante do curta-metragem Ilha das Flores é a profusão de imagens. É como se tudo fosse uma verdadeira colagem feita pelo diretor e pelos editores do filme. As imagens se sucedem na medida da necessidade de explicação de um conceito apresentado no texto. Chega a ser um tanto quanto enlouquecedor e, nesse aspecto, reside um dos fatores que torna o filme imperdível, todos (inclusive e, especialmente, os alunos) prestam atenção o tempo todo.
O fato de ser um curta-metragem é outro aspecto particularmente interessante para os educadores. Pode ser encaixado facilmente no tempo de uma aula e não permite que os alunos possam sequer esboçar um bocejo.
O mais importante, porém é que "Ilha das Flores" coloca em pauta a discussão acerca da pobreza, da fome e da exclusão social. Levando-se em conta que foi produzido em 1989, dá para perceber que as coisas não mudaram muito entre o Brasil daquela época e o de hoje...
A História
O Sr. Suzuki, japonês, plantador de tomates, atuando na região de Porto Alegre, despacha seus produtos através de uma Kombi para os supermercados da região metropolitana da capital gaúcha.
Dona Anete, brasileira, vendedora de perfumes, percorre a cidade em busca de pessoas interessadas em adquirir suas mercadorias. Das vendas auferidas e, retirando-se os custos para a aquisição do produto, surge o lucro. Com o lucro, Dona Anete vai a um supermercado de Porto Alegre e compra tomates e carne de porco.
A carne de porco e os tomates são os ingredientes principais na refeição que está sendo preparada por Dona Anete para sua família. Entre os tomates comprados por Dona Anete havia um considerado impróprio para o consumo humano (de acordo com o parecer da personagem). Esse produto deteriorado foi atirado no lixo.
Como acontece todos os dias em várias grandes cidades do Brasil e do mundo, o lixo foi recolhido e enviado para depósitos, localizados a margem das metrópoles. O que é identificado como lixo orgânico é separado e utilizado como alimento para os porcos de um dos criadores estabelecidos num dos lixões de Porto Alegre, ironicamente chamado de "Ilha das Flores".
O problema é que, depois da coleta seletiva, que indicou o que poderia ser aproveitado pelos suínos, outros seres humanos (que como os anteriores também são dotados de tele-encéfalo superior e polegar opositor) passam a disputar as sobras do lixão de Ilha das Flores...
Elenco: Ciça Reckziegel, Gozei Kitajima, Takehijo Suzuki.
Narração Paulo José.
Direção: Jorge Furtado.
“O que coloca o ser humano da Ilha das Flores, depois dos porcos, na questão da escolha de alimentos, é o fato de não terem dinheiro, nem dono”.
A frase acima se refere a um lugar denominado Ilha das Flores que é, ironicamente, um lixão da região de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Nesse espaço, o lixo é separado e, o que não serve de alimento para os porcos que habitam o lugar, vai ser a comida de seres humanos que, apesar de serem dotados de tele-encéfalo superior e possuir polegar opositor (características que destacam o ser humano de outros animais), precisam fazer fila, em grupos 10 em 10, para serem autorizados a entrarem no lixão e, em 5 minutos, escolher o que irão comer, em meio a restos dos porcos.
Filme de extrema importância para o professor que pretende trabalhar, em sala de aula, temas como as desigualdades sociais da atualidade, a falta de humanidade a que são submetidos muitos seres humanos e a corrida atrás do lucro.
Sugestões temáticas
Desigualdades sociais
Miséria
Fome
Escambo
Lucro
Propriedade privada
Ser humano x animal
Lixão: alimentação alternativa
Fonte: http://filmes.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=587
Ilha das Flores
Encontro marcado com a miséria
A miséria é o tópico central do premiadíssimo trabalho do diretor Jorge Furtado. A utilização de um título que contradiz a trama desenvolvida ao longo dos 13 minutos de duração do curta-metragem foi uma das ótimas idéias apresentadas nesse trabalho. Mas não é a única.
A exposição didática das idéias, de forma encadeada, amarrada as informações, na medida em que elas aparecem na narração sólida e segura do ator Paulo José, constituem o eixo em torno do qual acabam gravitando os espectadores.
O ritmo alucinado utilizado para que fiquemos sabendo sobre os tomates do Sr. Suzuki, o perfume de dona Anete, o surgimento do dinheiro e as peculiaridades dos seres humanos (o polegar opositor e o tele-encéfalo altamente desenvolvido), nos dá pouco tempo para refletir sobre toda a informação e exige que acabemos assistindo ao vídeo duas ou até mesmo, três vezes.
Outra característica marcante do curta-metragem Ilha das Flores é a profusão de imagens. É como se tudo fosse uma verdadeira colagem feita pelo diretor e pelos editores do filme. As imagens se sucedem na medida da necessidade de explicação de um conceito apresentado no texto. Chega a ser um tanto quanto enlouquecedor e, nesse aspecto, reside um dos fatores que torna o filme imperdível, todos (inclusive e, especialmente, os alunos) prestam atenção o tempo todo.
O fato de ser um curta-metragem é outro aspecto particularmente interessante para os educadores. Pode ser encaixado facilmente no tempo de uma aula e não permite que os alunos possam sequer esboçar um bocejo.
O mais importante, porém é que "Ilha das Flores" coloca em pauta a discussão acerca da pobreza, da fome e da exclusão social. Levando-se em conta que foi produzido em 1989, dá para perceber que as coisas não mudaram muito entre o Brasil daquela época e o de hoje...
A História
O Sr. Suzuki, japonês, plantador de tomates, atuando na região de Porto Alegre, despacha seus produtos através de uma Kombi para os supermercados da região metropolitana da capital gaúcha.
Dona Anete, brasileira, vendedora de perfumes, percorre a cidade em busca de pessoas interessadas em adquirir suas mercadorias. Das vendas auferidas e, retirando-se os custos para a aquisição do produto, surge o lucro. Com o lucro, Dona Anete vai a um supermercado de Porto Alegre e compra tomates e carne de porco.
A carne de porco e os tomates são os ingredientes principais na refeição que está sendo preparada por Dona Anete para sua família. Entre os tomates comprados por Dona Anete havia um considerado impróprio para o consumo humano (de acordo com o parecer da personagem). Esse produto deteriorado foi atirado no lixo.
Como acontece todos os dias em várias grandes cidades do Brasil e do mundo, o lixo foi recolhido e enviado para depósitos, localizados a margem das metrópoles. O que é identificado como lixo orgânico é separado e utilizado como alimento para os porcos de um dos criadores estabelecidos num dos lixões de Porto Alegre, ironicamente chamado de "Ilha das Flores".
O problema é que, depois da coleta seletiva, que indicou o que poderia ser aproveitado pelos suínos, outros seres humanos (que como os anteriores também são dotados de tele-encéfalo superior e polegar opositor) passam a disputar as sobras do lixão de Ilha das Flores...
2º MA: A desigualdade analisada no Brasil. Fome e coronelismo;
Pensando historicamente a questão das desigualdades socias no Brasil, percebemos que, com a chegada dos portugueses, elas se instalaram e ficaram!
Inicialmente, os povos indígenas que habitavam o continente foram vistos pelos europeus como seres exóticos, não dotados de alma. Depois dessa concepção, ainda hoje há quem veja os indígenas com muito preconceito, como seres inferiores e menos capazes.
Com a introdução do trabalho escravo negro, milhares de escravos africanos foram retirados de suas terras de origem para enfrentar condições terríveis de trabalho e de vida no Brasil. Até hoje seus descendentes ainda sofrem discriminação e preconceitos pelo fato de serem negros.
À partir do século XIX, com o previsto fim do trabalho escravo, houve um incentivo à vinda de imigrantes europeus, principalmente para trabalho na lavoura de café. Muitos deles vieram pensando em melhores qualidades de vida, mas aqui chegando, encontraram condições de trabalho semi-servis nas fazendas de café.
À medida que a sociedade brasileira foi se industrializando e urbanizando, novos contingentes populacionais foram absorvidos pelo mercado de trabalho nas cidades, processo iniciado no começo do século XX, acerelado na década de 1950, quando se desenvolveu no país um grande esforço de industrialização, trazendo junto a urbanização. Criou-se um proletariado industrial, e milhares de outros trabalhadores foram atraídos para as cidades afim de exercerem as mais diversas atividades.
Com essas transformações, houve um crescimento gigantesco das grandes cidades e um esvaziamento progressivo da zona rural.
Como nem toda a mão-de-obra ofertada foi absorvida nos setores industriais e urbanos, e por causa das transformações ocorridas na agricultura, foi se formando nas cidades uma grande massa de desempregados e de semi-ocupados que viviam e vivem à margem do sistema produtivo capitalista.
Hoje essa massa, praticamente não encontra chance de emprego, por tratar-se de mão-de-obra desqualificada. E é essa mão-de-obra desqualificada que evidencia, sem dúvida nenhuma, como o processo de desenvolvimento do capitalismo foi criando desigualdades, que aparecem na forma de miséria e pobreza crescentes, sendo cada vez mais difícil superar essa situação.
Vários indicadores de desigualdade se encontram em nosso cotidiano. As estatísticas da desigualdade estão todos os dias nos jornais e revistas, e demonstram a gravidade do problema, colocando o nosso país na posição de um dos países mais desiguais do mundo.
Isso não se traduz só em fome e miséria, mas também nas condições precárias de saúde, de habitação, de educação, enfim, em uma situação desumana, principalmente quando se sabe que a produção agrícola e industrial e o setor de comércio e serviços tem crescido de maneira expressiva em nosso país, demonstrando que a sociedade produz bens e serviços e riqueza, mas eles não são distribuídos de modo que atinjam todos os brasileiros.
A desigualdade a partir do século XIX começa a ser analisada no Brasil, como tentativa de explicar a pobreza relacionando-a à influencia do clima e à riqueza das matas e do solo. Afirmava-se nessa época que o brasileiro era preguiçoso, indolente, supersticioso e ignorante porque a natureza tudo lhe dava: frutos, plantas, solos férteis, etc. Era tão fácil obter ou produzir qualquer coisa que não havia necessidade de trabalhar. Será?
Uma segunda explicação estava vinculada à mestiçagem, onde diversos críticos, como Nina Rodrigues, Euclides da Cunha, Sílvio Romero, foram críticos ferrenhos da mestiçagem e consideravam que os mestiços demonstravam a "degeneração e falência da nação" ou que eram "decaídos, sem energia física dos ascendentes selvagens, sem atitude intelectual dos ancestrais superiores".
Um absurdo!
Entretanto para amenizar esses absurdo dois autores da época pensavam diferente: Joaquim Nabuco e Manoel Bonfim, afirmavam que graças a raça negra, havia surgido um povo no Brasil, mas que a escravidão e o latifúndio geravam verdadeiras "colônias penais" no interior. Diziam que as populações do interior tinham muita força, cordialidade e uma capacidade de atuar coletivamente, seja por meio de técnicas coletivas de trabalho, seja pelo uso comum de suas posses.
A partir de 1940 a questão das desigualdades aparecia sob um novo olhar, que passava ainda pela presença do latifúndio, da monocultura e também do subdesenvolvimento. Josué de Castro, procurou analisar a questão da desnutrição e da fome das classes populares explicando-as com base no processo de subdesenvolvimento, o qual gera desigualdades econômicas e sociais entre os povos que, no passado, tinham sido alvo da exploração colonial no mundo capitalista. Defendia a educação e a reforma agrária como elementos essenciais para resolver o problema da fome no Brasil.
Victor Nunes Leal em seu livro: Coronelismo, enxada e voto, publicado qm 1948, apresenta o coronel vinculado à propriedade rural, principalmente no Nordeste, como a base de sustentação de uma estrutura agrária que mantinha os trabalhadores rurais em uma situação de penúria, de abandono e de ausência de educação.
A relação entre as desigualdades e as classes sociais voltou a ser analisada na década de 1950, numa perspectiva que envolvia a situação dos negros na estrutura social brasileira, procuravam desmontar o mito da democracia racial brasileira, e colocaram o tema raça no contexto das classes sociais. Afirmam que os ex escravos foram integrados de forma precária, criando-se uma desigualdade constitutiva da situação que seus descendentes vivem até hoje.
A partir da década de 1960 outras temáticas sociais foram abordadas, com ênfase na análise das classes sociais existentes. Procuravam entender como ocorreu a formação do empresariado nacional, das classes médias, do operariado industrial e do proletariado rural.
Nas seguintes décadas 1970 e 1980 a preocupação situou-se na análise das novas formas de participação, principalmente dos novos movimentos sociais e do novo sindicalismo.
Buscava-se entender como os trabalhadores e deserdados do Brasil organizavam-se para fazer valer seus direitos como cidadãos, mesmo que a maioria ainda estivesse vivendo miseravelmente.
Já na década de 1990, adicionou-se um novo componente na análise das desigualdades sociais: foco sobre as questões relacionadas ao emprego e as condições de vida dos trabalhadores. A questão racial continuou presente e a questão das classes sociais permaneceu no foco, constatando-se a crescente subordinação do trabalho ao capital, tanto na cidade como no campo. A questão do gênero também ganhou espaço, destacando-se principalmente a situação desigual das mulheres em relação à dos homens.
E ainda nesse período, organismos nacionais e internacionais criaram índices sobre as desigualdades e a pobreza que revelam dados muito interessantes. No Brasil dispomos, por exemplo, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), desenvolvida pelo IBGE, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que a ONU publica por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Esses índices apontam as mais diferentes formas de desigualdade, deixando de lado a questão das classes sociais e a exploração existente. O fundamental passa a ser quantificar os pobres, os ricos, os setores médios e os remediados da sociedade em números e gráficos a fim de orientar políticas públicas e investimentos nesta ou naquela área. Foi assim que nasceram vários programas governamentais, como o Fome Zero, Bolsa Família, Bolsa Gás, etc.
Embora a situação da classe trabalhadora seja uma constante nos estudos desenvolvidos nos últimos 50 anos, percebemos que a interpretação com base nas análise marxista das classes, que tinha por foco a questão da exploração. foi pouco a pouco perdendo espaço para análises de índices demonstrativos de diversos aspectos das desigualdades sociais, nos vários segmentos e setores da sociedade, sem a preocupação de explicá-los, trazendo com isso algumas controvérsias acerca do real entendimento sobre a questão das desigualdades no Brasil.
PETIÇÃO A FAVOR DO USO DE TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA
Estamos acompanhando, através da mídia, a tramitação, na Assembléia Legislativa do Estado da Bahia, do Projeto de Lei (PL) 16.724/2007, de autoria do deputado João Carlos Bacelar (PTN), que visa proibir o uso de dispositivos eletrônicos durante as aulas. Nos posicionamos contra, por entendermos que estes agenciamentos sociotécnicos podem se constituir em espaços de aprendizagem que poderão potencializar o desenvolvimento de competências comunicativas dos sujeitos em formação, bem como suas habilidades cognitivas, sociais, afetivas, as quais têm sido ampliadas, agora, pelos dispositivos móveis.
https://secure.avaaz.org/po/petition/Manifesto_contra_o_Projeto_de_Lei_PL_167242007_de_autoria_do_deputado_Joao_Carlos_Bacelar_PTN_que/edit/
Quem puder e concordar com a ideia, colaborem!
https://secure.avaaz.org/po/petition/Manifesto_contra_o_Projeto_de_Lei_PL_167242007_de_autoria_do_deputado_Joao_Carlos_Bacelar_PTN_que/edit/
Quem puder e concordar com a ideia, colaborem!
3ºS: TEXTO SOBRE DIREITOS HUMANOS
Segue o link oficial do texto no blog:
http://priscillasociologia.blogspot.com.br/2013/10/3s-direitos-sociais-economicos-e.html
http://priscillasociologia.blogspot.com.br/2013/10/3s-direitos-sociais-economicos-e.html
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